O tema do artigo dessa semana é mobilidade urbana.
Uma ótima leitura a todos! O artigo está logo abaixo:
" Barreiras à acessibilidade impedem que milhares de pessoas com alguma deficiência tenham autonomia no transporte e evoluam melhor, social e economicamente.
De dez a doze por cento da população
mundial (algo em torno de 700 a 800 milhões de pessoas) têm alguma deficiência
física. Destas, perto de 90% vivem nos chamados países em desenvolvimento, e o
mesmo percentual vale para os que estão em idade produtiva, mas vivem
desempregados.
Ciente da relevância desses números,
a prefeitura de São Paulo lançou em Março de 2012, um novo censo,
especificamente para a população com deficiência. A estimativa é que vivam na
capital paulista cerca de 4,5 milhões de deficientes físicos, a maioria usuária
do transporte público, utilizado para se deslocarem a seus locais de trabalho e
lazer. Muita gente, portanto, para uma cidade repleta de barreiras físicas e
até culturais.
A compreensão sobre ‘deficiência’
também vem evoluindo. Cada vez mais, entende-se que uma deficiência física não
é apenas uma condição estática. A deficiência -- e sua gravidade --
dependem do ambiente em que a pessoa vive. Ou seja, se as cidades oferecessem
condições para uma pessoa em cadeira de rodas sair de casa e chegar, em tempo
razoável, a um local de trabalho digno, e depois do expediente ir ao cinema e
achar um lugar bom para assistir ao filme, essa deficiência já não é
qualificada como tão grave nos índices de mobilidade.
Da mesma forma, quando a cidade não é
acessível, qualquer deficiência se torna mais séria: a pessoa com idade ativa
não consegue chegar no trabalho e a criança deixa os estudos, porque não conta
com escola acessível.
Escolaridade
e pobreza
Um novo relatório da Organização
Mundial de Saúde (OMS) aponta que, no Brasil, a pessoa com deficiência
física possui em média apenas 2,8 anos de escolaridade, comparado com 3,7 para
pessoas sem deficiências. Para moradores urbanos, 62% das pessoas com deficiência
têm grau de escolaridade fundamental completo, comparado com 84% para pessoas
sem deficiência.
Em São Paulo, há cerca de 13 mil
alunos com deficiência, e apenas 500 das 1.500 escolas da capital são
acessíveis, segundo a Secretaria de Educação; e apenas seis são para estudantes
com deficiências auditivas.
Assim, não é surpreendente que
pessoas com deficiência física tenham muito mais probabilidade de viver em
condições de pobreza extrema, como indica um relatório do Banco Mundial.
Segundo a OMS, nas cidades brasileiras 25% dos deficientes são pobres, contra
12% entre a população sem deficiência.
No ano passado, a população global
atingiu a marca de 7 bilhões de pessoas, a maior parte vivendo nas cidades. Até
2050 está previsto que mais de dois terços seja urbana. No Brasil, a população
urbana já representa 84,4% do total, segundo o Censo de 2010. Não é
surpreendente, então, que os problemas de mobilidade e acessibilidade urbana
ganhem visibilidade e impulso, ainda mais para o funcionamento econômico e
social das cidades.
Acessibilidade
no transporte
Em dezembro de 2004, a Lei de
Acessibilidade (decreto 5.296/04 ) estabeleceu normas gerais e critérios
básicos no país para melhorar a acessibilidade. A legislação é bastante
ampla e abrangente, e tem incentivado as cidades a se tornarem mais acessíveis:
por exemplo, a lei requer que todos os ônibus adquiridos para o serviço publico
depois de 2004 sejam adaptados para deficientes.
Segundo representantes da SPTrans,
empresa que gerencia os ônibus urbanos de São Paulo, a capital paulista tem uma
frota de mais de 15.000 ônibus e microônibus, dos quais 7.905 (cerca de 52,7%)
são adaptados para usuários em cadeira de rodas. A empresa informa também que
desde 2009 todos os ônibus introduzidos ao sistema são adaptados para uso de
deficientes. Esses ônibus têm piso rebaixado, sem degraus nas portas, e, ao
chegar nos pontos de parada, inclinam-se ainda mais ao solo pela ação de
sistemas de suspensão, facilitando o acesso. Em outros ônibus, rampas nas portas
facilitam o embarque para passageiros em cadeira de rodas ou contam com
plataformas elevatórias.
A SPTrans informa também que todas as
1.300 linhas de ônibus municipais contam com veículos adaptados, com intervalo
variando de acordo com a demanda existente. Ainda segundo a companhia, o tempo
de embarque e desembarque para passageiros com deficiência é de 3 minutos.
A cidade também oferece o serviço
Atende, criado em 1996, que é uma modalidade de transporte gratuito, porta a
porta, para deficientes em cadeira de rodas. Funciona diariamente, das 7h00 às
20h00, para clientes cadastrados e com uma programação pré-agendada de viagens.
Além disso, reservando com pelo menos uma semana de antecedência, oferece
atendimento aos “eventos dos fins de semana” para grupos afiliados a
instituições que trabalham com pessoas com deficiência. Atualmente, segundo a
SPTrans, o serviço conta com uma frota de 372 vans acessíveis.
Estes são dados da prefeitura. Já
para a deputada estadual Mara Gabrilli (PSDB), cadeirante que milita na defesa
dos direitos das pessoas com deficiência física, “os números citados pela
SPTrans podem ser enganosos”, avisa. Ela aponta “escassez de ônibus adaptados
nas ruas de São Paulo”, e diz ser frequente os funcionários das empresas de
ônibus “não serem treinados para operar o equipamento dos veículos adaptados e
os usuários reclamarem que às vezes os veículos nem param para atender ao
cadeirante”.
Para pessoas com deficiência visual
ou auditiva, há outras frustrações, por exemplo a falta de avisos sonoros no
interior dos veículos. Ainda, para a deputada, os problemas para os deficientes
já começam antes de chegarem aos pontos de ônibus, pois, observa, “se as
calçadas têm muitos obstáculos, será quase impossível a um cadeirante chegar
até um ponto de ônibus sozinho”.
Fonte: Mobilize Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário