segunda-feira, 29 de setembro de 2014

A calçada, você e o outro

Você já parou para pensar em como as calçadas têm ligação com as nossas vidas? Não só por nos ligar aos serviços e lugares que fazem parte de nossas histórias, mas por serem em sua essência um elo de concreto, que sob nossos pés, nos permite chegar ao outro. Na Avenida Paulista, cartão postal da capital paulista, entre empresas, bares, cinemas e tantos outros estabelecimentos, circulam mais de 450 mil pedestres por dias. Em cada pedaço do lugar é possível encontrar um mundo diferente de serviços e pessoas, coexistindo sobre o passeio universal da avenida. 

  Segundo o IBGE, 30% das viagens diárias realizadas em todo o País são feitas a pé. Por conta do alto custo do transporte público, andar não é apenas uma alternativa saudável, é também o meio mais econômico de se locomover e interagir com a cidade e quem faz parte dela.   

Pense, quantas pessoas você cruza apenas quando faz o seu caminho de casa ao trabalho? Mesmo que o seu trajeto seja realizado por transporte público ou próprio, por algum momento você precisou da calçada. E por um instante ela o conduziu a alguém.   

Longe dos centros urbanos, as calçadas também cumprem seu papel de promotora de encontros. Ao entardecer, é muito comum que as pessoas coloquem suas cadeiras nas calçadas para conversar, ver as crianças brincarem na rua. 

O morador precisa da calçada do vizinho para chegar até ele, seja para lhe fazer uma visita, pedir um favor, prestar socorro, jogar conversa fora, oferecer um carinho… Ainda há bairros onde as pessoas se reúnem durante a Copa para pintar as calçadas com as cores do país. Há demonstração mais prática de que a calçada solidifica a união entre pessoas?   
Dias desses, aproveitei o calor para fazer algo que adoro: fui jantar a pé em uma padaria próxima a minha casa.  No caminho, encontrei crianças, adultos, jovens, idosos, atletas… Uma diversidade de pessoas, cada uma a sua maneira, utilizando o espaço mais democrático que se pode existir em uma cidade.   

Agora, imagine a situação oposta, quando por falta de cuidados, a calçada perde seu papel benevolente de conectar pessoas. Você não encontrará um cadeirante ou um cego, por exemplo, transitando livremente pelo mesmo trecho que um pedestre sem deficiência, se neste local não existir um mínimo de condições de acessibilidade.

 Para muita gente, a calçada mal conservada representa um obstáculo, mas para outras pessoas ela simboliza uma barreira intransponível que lhes subtraem o direito de simplesmente fazer parte. No final de abril de 2012, o Mobilize publicou a campanha Calçadas do Brasil (http://www.mobilize.org.br/campanhas/calcadas-do-brasil/sobre), mostrando o resultado da avaliação de calçadas em 12 cidades brasileiras. Entre abril e julho do mesmo ano, com o apoio de voluntários, o estudo foi ampliado para a avaliação de 228 ruas em 39 cidades do país.

 O resultado ficou abaixo das expectativas e trouxe a nota média de 3,40, numa escala de zero a dez.   Também no ano passado, os Guardiões das Calçadas  (http://www.maragabrilli.com.br/guardioesdascalcadas/) vistoriaram cerca de 200 km de calçadas em São Paulo. Nas mais de 40 vistorias realizadas o que se viu foram muitos problemas e pouca participação dos órgãos responsáveis.   

Para este ano, o grupo formado por minha equipe de trabalho e alguns voluntários, farão as vistorias concentradas nas vias constantes do Decreto Municipal nº 49.544/08, que define as rotas emergenciais abrangidas pelo Plano Emergencial de Calçadas – PEC. Instituído pela Lei nº 14.675/08, o PEC é uma Lei de minha autoria enquanto vereadora de São Paulo. Hoje, dos 30 mil km de passeio, cerca de apenas 500 km foram reformados respeitando a legislação.  

 É importante lembrar que essa lei prevê que a Prefeitura seja responsável pela reforma das calçadas em todas as vias constantes do Decreto. 

São ruas que priorizam os focos geradores de maior circulação de pedestres, incluindo locais de prestação de serviços públicos e privados em todas as regiões da cidade de São Paulo, em sinergia com paradas ou estações para embarque e desembarque de passageiros em ônibus e metrô.   Ainda vale dizer que ao melhorar 10% dos acessos nesses pontos estratégicos, estamos melhorando 80% da mobilidade urbana de toda a cidade. O resultado dessa simples conta é menos trânsito, filas, acidentes, estresse e também solidão. 

Afinal, quando facilitamos acessos, chegar ao outro se torna mais fácil e natural.   Iniciativas como a do Mobilize Brasil e dos Guardiões das Calçadas mostram que tanto as cidades quanto as pessoas demandam cuidados, pois a condição do passeio público reflete diretamente no bem estar da população.   

Não é por acaso que muitos especialistas afirmam que a qualidade das calçadas é o melhor indicador de desenvolvimento humano, além de funcionar como um sensor para medir o nível de civilidade de um povo. 

Cuidar da própria calçada e cobrar por sua manutenção e reforma é um ato de cidadania que deflagra seu amor pela cidade e as pessoas – um encontro que você pode ajudar a promover todos os dias. 

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Nossa São Paulo

Olá, tudo bom pessoal????
O post que ilustra nosso blog essa semana é o de uma cadeirante super simpática e auto - astral.
Segue o texto:
"Descobri uma São Paulo linda!
Essa é a cidade que eu moro e ela é fantástica. Vivo aqui há muito tempo e, com certeza, posso contar que descobri muito mais
de São Paulo nestes últimos  anos. Sempre gostei dessa cidade, com tudo o que ela me apresenta e me permite desfrutar.
Mas quando comecei a descobri-la com um olhar acessível, fiquei mais apaixonada.Muita coisa que me surpreendi e fiquei bem feliz em vivenciar. Já curti, fui, visitei muitos lugares de São Paulo e ainda tem muita
coisa pra ver. Uma coisa que gostei muito em minhas andanças foi ver a minha gente tendo contato com história, arte e cultura de primeira.
Nosso país é muito rico culturalmente e estender tudo isso para a nossa gente é valioso demais. Cidade encantadora de informação
qualificada, São Paulo tem seu charme. Já corri muitas cidades pelo mundo e nossa cidade não deixa nada a desejar no quesito cultura.
Tá tudo pertinho pra você conhecer, se aprofundar, curtir, se divertir, apreciar e obter informação.  E o melhor, a maioria das
atividades que vivenciei foi totalmente gratuita e nos recebe muito bem.Falamos do MASP, MAM, Museu Afro, MAC, MIS, Mube, Museu da Casa Brasileira, Pinacoteca, Cinemateca Brasileira, Museu da Língua
Portuguesa, Museu do Futebol, Museu da Arte Sacra, Parque da Luz, Parque Ibirapuera, Parque Villa-Lobos, Parque do Trianon,
Parque da Independência, Praça Benedito Calixto, Mercado Municipal, Mercado de Pinheiros, Feira da Liberdade, Feira Livre do
Pacaembu, Teatro Municipal, Sescs, Instituto Tomie Othake, Caixa Cultural, Centro Cultural Banco do Brasil, Memorial da
América Latina e muito mais.
Pois é, lembrando que nem tudo são flores, há algo que me deixa demais de tristinha; o ir e vir aos lugares em São Paulo não é nada
fácil. Sabemos que nossas calçadas, nosso transporte público, nossa sinalização e nosso trânsito não ajudam, não estimulam, não
incentivam. Sabemos que a vontade de estar nos lugares onde queremos tem sempre que superar os transtornos da mobilidade da cidade,
senão, realmente não saímos de casa. Infelizmente hoje tem que ser assim, mas garanto que vale o desconforto ao nos depararmos
com as belezas, os encantos e os aprendizados que encontraremos no nosso destino, ok?
 Por Mila Guedes
OBS: Os pontos - turísticos que Mila cita no textos, senão me engano, a maioria são acessíveis, então se você gosta de passear por SP e é cadeirante e/ou deficiente físico, aí estão ótimas dicas! Aproveite1

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Paralimpiapiadas Rio 2016

 PARALIMPÍADA
A VISIBILIDADE DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA (PCD)
Como fazer, do momento, um legado?

Em referência ao dia 21 de setembro – Dia Nacional da Luta pelos Direitos das Pessoas com  Deficiência – realizaremos um evento público e gratuito dia 16 de setembro de 2014 às 18:30.
Desejamos que a “visibilidade das PcD” fique como um legado da Paralimpíada de 2016 e, não apenas mais um momento efêmero na história do nosso País. As PcD são cidadãos e cidadãs que podem competir, consumir, produzir, trabalhar, viajar, votar, amar e se divertir, desde que haja acessibilidade nos lugares onde frequentam. E para que haja acessibilidade, antes de tudo, é preciso vê-las.
LOCAL - Espaço Ideal Eventos - Rua Santa Luzia, 760 – sobrado – Centro, Rio de Janeiro –Tel.21.2533.1878

INSCRIÇÕES GRATUITAS E LIMITADAS em buscolegados@gmail.com Rodrigo Rosso - Jornalista e publicitário, atuando há mais de 18 anos no setor da Pessoa com Deficiência (PcD), diretor e editor da Revista Reação, criador e fundador da REATECH, presidente da ABRIDEF - Assoc. Brasileira das Indústrias e Revendedores de Produtos e Serviços para PcD.www.revistareacao.com.br
Deborah Prates - Advogada, Integrante das várias Comissões como dos Direitos Humanos e Assistência Judiciária da OAB/RJ e OAB-Mulher/RJ. Militante e Palestrante. Recebeu Moção honrosa da Câmara Municipal do Rio de Janeiro pela contribuição em prol das acessibilidades, em especial a relativa a atitudinal. http://deborahpratesinclui.blogspot.com.br/
Andrei Bastos – Jornalista e escritor, trabalhou no Correio da Manhã e no O Globo. Como ativista dos direitos humanos atua em várias ONGs. É presidente do Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Rio de Janeiro (Comdef - Rio). Publicou os livros “Assimétricos” e “A inclusão de crianças com deficiência na educação infantil”. www.assimetricos.com.br
Armando Nembri, Mestre em Avaliação de Sistemas, Programas e Instituições , em Ciências Pedagógicas. M.B.A. em Administração Pública. Pós-graduação em Administração de Recursos Humanos, entre outras. Conferencista, Palestrante, Professor e Instrutor no IBG, Professor do Instituto Benjamin Constant e várias Universidades. Autor dos livros “Ouvindo o Silêncio: Educação, Linguagem e Surdez” e, “Em Silêncio: Avaliação do Primeiro Curso de Graduação para Surdos e Ouvintes em Língua de Sinais”” (Lançamento previsto para outubro de 2014). www.armandonembri.com.br
Mediador: Fábio Guimarães. Empresário, Trabalhou na TV Globo como Diretor de Programas de TV, criador e Produtor do BLA – Busco Legados de Acessibilidade. www.buscolegados.com

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Mobilidade para deficiente físico é desafio a vencer no Brasil

Olá, tudo bem?
O tema do artigo dessa semana é mobilidade urbana.
Uma ótima leitura a todos! O artigo está logo abaixo:
Barreiras à acessibilidade impedem que milhares de pessoas com alguma deficiência tenham autonomia no transporte e evoluam melhor, social e economicamente.
De dez a doze por cento da população mundial (algo em torno de 700 a 800 milhões de pessoas) têm alguma deficiência física. Destas, perto de 90% vivem nos chamados países em desenvolvimento, e o mesmo percentual vale para os que estão em idade produtiva, mas vivem desempregados. 

Ciente da relevância desses números, a prefeitura de São Paulo lançou em Março de 2012, um novo censo, especificamente para a população com deficiência. A estimativa é que vivam na capital paulista cerca de 4,5 milhões de deficientes físicos, a maioria usuária do transporte público, utilizado para se deslocarem a seus locais de trabalho e lazer. Muita gente, portanto, para uma cidade repleta de barreiras físicas e até culturais. 

A compreensão sobre ‘deficiência’ também vem evoluindo. Cada vez mais, entende-se que uma deficiência física não é apenas uma condição estática. A deficiência -- e sua gravidade --  dependem do ambiente em que a pessoa vive. Ou seja, se as cidades oferecessem condições para uma pessoa em cadeira de rodas sair de casa e chegar, em tempo razoável, a um local de trabalho digno, e depois do expediente ir ao cinema e achar um lugar bom para assistir ao filme, essa deficiência já não é qualificada como tão grave nos índices de mobilidade.

Da mesma forma, quando a cidade não é acessível, qualquer deficiência se torna mais séria: a pessoa com idade ativa não consegue chegar no trabalho e a criança deixa os estudos, porque não conta com escola acessível. 

Escolaridade e pobreza

Um novo relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta que, no Brasil, a pessoa com deficiência física possui em média apenas 2,8 anos de escolaridade, comparado com 3,7 para pessoas sem deficiências. Para moradores urbanos, 62% das pessoas com deficiência têm grau de escolaridade fundamental completo, comparado com 84% para pessoas sem deficiência.

Em São Paulo, há cerca de 13 mil alunos com deficiência, e apenas 500 das 1.500 escolas da capital são acessíveis, segundo a Secretaria de Educação; e apenas seis são para estudantes com deficiências auditivas. 

Assim, não é surpreendente que pessoas com deficiência física tenham muito mais probabilidade de viver em condições de pobreza extrema, como indica um relatório do Banco Mundial. Segundo a OMS, nas cidades brasileiras 25% dos deficientes são pobres, contra 12% entre a população sem deficiência.

No ano passado, a população global atingiu a marca de 7 bilhões de pessoas, a maior parte vivendo nas cidades. Até 2050 está previsto que mais de dois terços seja urbana. No Brasil, a população urbana já representa 84,4% do total, segundo o Censo de 2010. Não é surpreendente, então, que os problemas de mobilidade e acessibilidade urbana ganhem visibilidade e impulso, ainda mais para o funcionamento econômico e social das cidades. 

Acessibilidade no transporte

Em dezembro de 2004, a Lei de Acessibilidade (decreto 5.296/04 ) estabeleceu normas gerais e critérios básicos no país para melhorar a acessibilidade.  A legislação é bastante ampla e abrangente, e tem incentivado as cidades a se tornarem mais acessíveis: por exemplo, a lei requer que todos os ônibus adquiridos para o serviço publico depois de 2004 sejam adaptados para deficientes.

Segundo representantes da SPTrans, empresa que gerencia os ônibus urbanos de São Paulo, a capital paulista tem uma frota de mais de 15.000 ônibus e microônibus, dos quais 7.905 (cerca de 52,7%) são adaptados para usuários em cadeira de rodas. A empresa informa também que desde 2009 todos os ônibus introduzidos ao sistema são adaptados para uso de deficientes. Esses ônibus têm piso rebaixado, sem degraus nas portas, e, ao chegar nos pontos de parada, inclinam-se ainda mais ao solo pela ação de sistemas de suspensão, facilitando o acesso. Em outros ônibus, rampas nas portas facilitam o embarque para passageiros em cadeira de rodas ou contam com plataformas elevatórias.

A SPTrans informa também que todas as 1.300 linhas de ônibus municipais contam com veículos adaptados, com intervalo variando de acordo com a demanda existente. Ainda segundo a companhia, o tempo de embarque e desembarque para passageiros com deficiência é de 3 minutos.

A cidade também oferece o serviço Atende, criado em 1996, que é uma modalidade de transporte gratuito, porta a porta, para deficientes em cadeira de rodas. Funciona diariamente, das 7h00 às 20h00, para clientes cadastrados e com uma programação pré-agendada de viagens. Além disso, reservando com pelo menos uma semana de antecedência, oferece atendimento aos “eventos dos fins de semana” para grupos afiliados a instituições que trabalham com pessoas com deficiência. Atualmente, segundo a SPTrans, o serviço conta com uma frota de 372 vans acessíveis.

Estes são dados da prefeitura. Já para a deputada estadual Mara Gabrilli (PSDB), cadeirante que milita na defesa dos direitos das pessoas com deficiência física, “os números citados pela SPTrans podem ser enganosos”, avisa. Ela aponta “escassez de ônibus adaptados nas ruas de São Paulo”, e diz ser frequente os funcionários das empresas de ônibus “não serem treinados para operar o equipamento dos veículos adaptados e os usuários reclamarem que às vezes os veículos nem param para atender ao cadeirante”.


Para pessoas com deficiência visual ou auditiva, há outras frustrações, por exemplo a falta de avisos sonoros no interior dos veículos. Ainda, para a deputada, os problemas para os deficientes já começam antes de chegarem aos pontos de ônibus, pois, observa, “se as calçadas têm muitos obstáculos, será quase impossível a um cadeirante chegar até um ponto de ônibus sozinho”.
Fonte: Mobilize Brasil

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Minimizando a poluição urbana


Olá,
Hoje a dica é um pouco diferente, porém achei legal abordar esse assunto aqui no blog, afinal de contas ele também faz parte da acessibilidade. Uma cidade suja também é inacessível! Para os olhos! Hehehehe!
Brincadeiras a parte pessoal, o texto segue abaixo:
Superando todos os limites e padrões da cidade limpa, que eu particularmente adoro, inventou-se os totens de publicidade para financiar novos pontos de ônibus na cidade, que eu particularmente detesto.
E a gente que antes podia observar a cidade, claro isso quando não estava preocupado com os buracos na calçada, quando a fiação não estava na frente,  quando não estávamos procurando um canteiro para improvisar de banco para sentar ou procurando um sombra de árvore para aguentar o calor, agora tem que ver, gritando na nossa cara, o novo celular da apple, os novos carros, entre muitas  outras grandes novidades do mercado.

E no meio desta poluição toda eis que alguém resolve anunciar com bom senso.

Tipo: “Já que os totens já estão lá, vamos mostrar algo mais bonito”. E eis que um fotógrafo, em alguns totens da Av. Paulista, está se promovendo de forma inteligente e muito mais agradável para os olhos: com fotos de ângulos que os pedestres não podem ver da Av. Paulista.
São belíssimas fotos que exaltam a cidade  e minimizam a poluição urbana de cada dia. :) "
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