Boa tarde,
Hoje venho compartilhar com vocês uma história bem interessante que li essa semana no blog " Assim Como Você " , do blogueiro e também cadeirante Jairo Marques. Segue o post:
Tenho mantras em prol do domínio do mundo pelo
povão ‘malacabado’ que os leitores mais cativos deste espaço já sabem
reproduzir logo aos primeiros “acordes”: em um país com as dimensões e
problemas do Brasil, promover acessibilidade a partir de cidades pequenas pode
surtir um resultado “maraviwonderful” e mais rápido.
Um outro é que, sem iniciativa e esperneios das
próprias pessoas com deficiência – mesmo com dores, um bocadinho de humilhação
(ui) e domínio do que são seus direitos- precisam sair às ruas, mostrar a cara
e exigir inclusão.
Por essa razão, quando esbarro com histórias de
gente que ostenta essas bandeiras com vigor e praticamente sem apoio, pois
estão isoladas em confins do país e lutam praticamente sozinhas com seus
cambitos finos, escutador de novela avariado ou não vendo um elefante passando
a frente do nariz, vibro e faço questão de trazer aqui para o blog.
“Sou vendedor de kits escolares e percorro o
interior do país dirigindo por cidades muito pequenas. Sou de Goiás, mas já
devo ter rodado por todos os Estados do país dirigindo. Tenho distrofia muscular
de cintura e devo ser o ‘exemplar’ com a doença que mais dirigiu neste pais.”

Viagens
de Claudio pelos rincões do país
Quem faz essas jornadas todas é o cadeirante (que
tem uma cadeira nem tão levinha e moderna) Claudio Roberto Cunha, 39, que
enfrenta uma realidade que pouquíssimos “malacabados” teriam disposição,
coragem e fôlego para enfrentar.
“Minha esposa me acompanha estrada
afora. É companheira para tudo. Enfrento todas as dificuldades possíveis. Os
hotéis em cidades muito pequenas não estão preparados para deficientes muito
menos a estrutura urbana. No interior do Nordeste, já fui a localidades onde as
ruas eram totalmente feitas de pedras. Nem eu acredito.”
Acessibilidade
em hoteis é sempre um desafio Brasil afora
Não, não vejo o Claudio como um “exemplo”, vejo
como um desbravador do Cerrado que vai abrindo caminhos, com seu esforço, para
que outras pessoas possam sair de casa, possam ter direito ao espaço público e
à cidade.
Alguém pode estar pensando: “Caraca, mas porque o
cabra não escolheu algo mais tranquilo para tocar a vida?”
Penso que, muitas vezes, os rumos da gente não é
somente uma questão de “escolha”. Outra: se ele tem talento para as vendas, se
o que ele precisa fazer para cumprir suas metas exige esses desafios, bora
seguir adiante, uai! A vida é mais dura para quem é muito mole, né, não?!
Exemplos
de locais por onde o vendedor passou
“Trabalho com essas vendas ‘porta em
porta’ há três anos. Rodo pelo menos 150 quilômetros por dia. Já percorri todas
as cidades de Goiás, parte do Tocantins, do Maranhão, o Pará, a Bahia, São
Paulo, Minas.
Penso que, nos grandes centros, a
aceitação das pessoas com deficiência é maior, as pessoas estão mais
acostumadas com a diversidade. No interior, há muito estranhamento quando veem
um cadeirante trabalhando.”
Rampas em
cidades interioranas ainda são artigos de luxo
O programa “viver sem limites”, do governo federal,
dispõe de recursos para quaisquer administrações apresentem projetos de
acessibilidade, bastando apresentar um projeto e cumprir trâmites
burocráticos.Ponto importante que já reparei e comentei aqui no “ACV” é que há
cidades que pegam a grana, enchem suas regiões centrais de rampas e vagas de
estacionamento para deficientes e acham que ficaram grandes avanços. Não, é
preciso planejar, discutir prioridade e, principalmente, ouvir o público mais
atingido.
Nenhum comentário:
Postar um comentário